PCP quer defender o sector dos cimentos

Travar a OPA sobre a <i>Cimpor</i>

O PCP exige que o Es­tado por­tu­guês use todos os me­ca­nismos ao seu dispor para travar a OPA lan­çada pelo grupo bra­si­leiro Ca­margo Corrêa sobre a Cimpor.

A Cimpor é uma das dez mai­ores ci­men­teiras do mundo

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Numa con­fe­rência de im­prensa re­a­li­zada na se­gunda-feira, em que par­ti­cipou Vasco Car­doso, da Co­missão Po­lí­tica, o PCP afirmou que a in­ter­venção do Es­tado no sector da pro­dução de ci­mentos de­veria ser in­se­rida numa es­tra­tégia mais ampla de rein­dus­tri­a­li­zação do País, como o PCP propõe. Para levar por di­ante esta es­tra­tégia, acres­centou o di­ri­gente co­mu­nista, será fun­da­mental o con­trolo pú­blico dos sec­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia na­ci­onal.

A im­por­tância da Cimpor é tal que cons­titui hoje a maior em­presa in­dus­trial por­tu­guesa, for­te­mente in­ter­na­ci­o­na­li­zada (com pre­sença em 11 países para além de Por­tugal) em­pre­gando di­rec­ta­mente 8250 tra­ba­lha­dores. Sendo um dos dez mai­ores grupos ci­men­teiros mun­diais, a Cimpor atingiu nos úl­timos oito anos lu­cros lí­quidos de 2082 mi­lhões de euros, cerca de 260 mi­lhões por ano.

Como me­dida ime­diata, o PCP propõe que a Caixa Geral de De­pó­sitos se re­cuse a vender as ac­ções de detém na Cimpor, não apa­dri­nhando assim «mais um ne­gócio ao ser­viço do grande ca­pital». O banco pú­blico detém 9,6 por cento das ac­ções e o di­reito de voto de 30,8 por cento no Con­selho de Ad­mi­nis­tração por via do acordo as­si­nado com outro dos prin­ci­pais ac­ci­o­nistas, o grupo Vo­to­rantim. A po­sição de Ma­nuel Fino, de 10,7 por cento, pode ainda re­verter para a Caixa, caso não seja pago pelo em­pre­sário o em­prés­timo con­traído no banco. A Ca­margo Corrêa é já hoje a prin­cipal ac­ci­o­nista da em­presa, com 32,9 por cento do ca­pital so­cial, se­guida pela Vo­to­rantim, com 21,2 por cento. O fundo de pen­sões do BCP detém 10 por cento.

O PCP acusa o Go­verno de fa­ci­litar a OPA lan­çada pelo grupo bra­si­leiro, pre­ten­dendo desta forma con­cluir o «cri­mi­noso pro­cesso de pri­va­ti­zação» da Cimpor, que co­lo­caria a prin­cipal em­presa in­dus­trial por­tu­guesa in­te­gral­mente nas mãos de um grupo pri­vado es­tran­geiro. A ir por di­ante esta ope­ração, alertou Vasco Car­doso, é o pró­prio fu­turo da em­presa e a con­ti­nui­dade da la­bo­ração em Por­tugal a es­tarem com­pro­me­tidos. Como ou­tros pro­cessos de pri­va­ti­zação de­mons­traram, os «riscos de des­mem­bra­mento da Cimpor e de des­man­te­la­mento de uni­dades in­dus­triais no nosso País não só existem como são as­su­midos pelo ac­tual con­selho de ad­mi­nis­tração da em­presa».

Assim, como su­bli­nhou o di­ri­gente do PCP, ao con­trário do que afirma de­sig­na­da­mente o PS, o que esta OPA co­loca não é apenas o preço das ac­ções (5,5 euros, bem abaixo da­quele que levou a CGD a re­cusar vender a sua po­sição há apenas dois anos, de 6,5 euros), mas o fu­turo da Cimpor e dos seus tra­ba­lha­dores e o facto de co­locar o País «ainda mais à mercê dos in­te­resses do grande ca­pital es­tran­geiro e de­pen­dente do for­ne­ci­mento de uma ma­téria-prima – o ci­mento – in­dis­pen­sável à ac­ti­vi­dade eco­nó­mica».



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